O Movimento Ambientalista
O pensamento ambiental vem sendo expresso ao longo da história do homem principalmente pelos filósofos e teólogos, a exemplo de Francisco de Assis o santo ecológico. Segundo Herculano (1992), remontam ao século XVI os primeiros questionamentos do homem sobre o meio ambiente, com as grandes navegações e a ampliação das fronteiras mundiais para novos continentes, contrapondo a cultura e a civilização européia aos costumes e a relação com o meio ambiente dos habitantes do novo mundo. A carta de Pero Vaz Caminha ao rei de Portugal no ano de 1500 é um dos marcos dessa dicotomia ambiental. Com a revolução industrial e científica no século XVIII, estabeleceu-se definitivamente um divisor de águas entre a sociedade do homem "desenvolvido" e sua cultura peculiar em contraponto dissonante à Natureza. O surgimento de uma ideologia consumista nas linhas de produção capitalistas, deu origem às primeiras reflexões quanto a atuação danosa do homem sobre a Natureza.
A partir do início dos testes nucleares e as explosões das bombas atômicas sobre o povo japonês, próximo a metade do século atual, é que surge e se organizam os primeiros ambientalistas, chamados alternativos, procurando mostrar ao mundo a possibilidade de estar sob o comando de malucos poderosos, que poderiam explodir o planeta por conta de suas veleidades. Somado a essas, o quase extermínio da águia americana pelos pesticidas agrícolas, a crítica às desigualdades oriundas da sociedade de consumo, além do grande desenvolvimento da indústria bélica e dos estados autoritários, levaram ao crescimento dos movimentos pacifistas que compuseram o surgimento dos hippies, vertente mais doce até hoje surgida no movimento ambientalista.
Outra corrente deste surgiu com os neo-malthusianos embasados na teoria do economista Thomas Robert Malthus, que em 1798 publicou um ensaio pioneiro sobre o estudo do crescimento das populações e como isso afeta o desenvolvimento futuro da sociedade humana. Propunham a necessidade do controle populacional como forma de conter a degradação do meio ambiente e da qualidade de vida. Imputa-se a esse mesmo pensamento a implementação em países subdesenvolvidos nos idos dos anos 70, inclusive o Brasil, de políticas de esterilização de mulheres em comunidades carentes.
Cabe a ressalva que a esterilização não era o pensamento dos ambientalistas, mas o controle racional movido pela consciência de limite dos recursos naturais, como no exemplo clássico dos pastores medievais que levam seus rebanhos a um pasto comunal e a restrição natural ao aumento desses rebanhos, sob pena do esgotamento do pasto e o fim de todas as ovelhas.
Com a pressão do governo da Suécia sobre a ONU, por motivo do desastre ecológico da Baía de Minamata, no Japão, realizou-se em 1972 a Conferência de Estocolmo, uma reunião internacional sobre o meio ambiente. A partir desta surgiram mais duas correntes do pensamento ambientalista: os zeristas e os marxistas. Os zeristas, servindo-se da trincheira do Clube de Roma e com as armas fornecidas pelo relatório de Meadows et alii sobre os Limites do Crescimento, propunham o crescimento zero para a economia mundial respaldados em projeções computacionais sobre o crescimento exponencial da população e do capital industrial como ciclos positivos, resultando em ciclos negativos representados pelo esgotamento dos recursos naturais, poluição ambiental e a fome. Assim previam o caos mundial em menos de quatro gerações. Já os marxistas embasados na contribuição no mesmo ano de Goldsmith et alii e o Manifesto pela Sobrevivência, atribuíam a culpa ao sistema capitalista e ao consumismo da ideologia do supérfluo, provocando a banalisação das necessidades e a pressão irresponsável sobre o meio ambiente, obtendo como subproduto do crescimento industrial a degradação ambiental. Os marxistas franceses a mesma época propõe a mudança do modo de produção e consumo, fundamentados em uma ecologia com ótica socialista, que abandone a produção de gadgets pela produção de bens necessários transformando o trabalho árduo em trabalho criador, reduzindo este para aumentar o lazer cultural e a relação ecológica do homem com o meio ambiente.
Com uma visão universal e baseados em uma compreensão ecológica do planeta, os fundamentalistas deixam de lado o antropocentrismo em nome de uma interpretação ecocêntrica, onde a Terra é um enorme organismo vivo, parte de outro universal e maior, onde o homem é uma das formas de vida existente, não possuindo assim qualquer direito de ameaçar a sobrevivência de outras criaturas ou o equilíbrio ecológico do organismo. Para James Lovelock a Terra é Gaia, nome que dá ao planeta, capaz de reações contrárias às agressões humanas. Segundo nosso entendimento essas reações podem estar sendo refletidas na redução da camada de ozônio em nossa atmosfera, o efeito estufa e o fenômeno "el niño".
Os verdes, surgiram nas eleições de 1983 da Alemanha, com uma proposta de ecologia social contra o consumismo provocado pela alienação das linhas de produção. Suas propostas visam a descentralização para o ativismo ambiental, a reação pacífica, a melhora na distribuição social da renda e uma conduta ética em relação ao meio ambiente(need not greed, ou seja, uma economia verde voltada para as necessidades e não para o lucro).
Complementando a amostragem surge na atualidade os eco-tecnicistas, os chamados "eco-chatos", cuja visão reducionista, otimista e imobilista, acredita na solução dos problemas ambientais através do desenvolvimento científico e da introdução de novas técnicas. Com uma retórica positivista, incorrem numa visão fragmentada e tecnicista, desconhecendo o sentido holístico e ecológico da Natureza.
Fonte: http://www.imoveisvirtuais.com.br/proximo.htm
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